Nenhum lugar precisa do que eu tenho a oferecer?

Ellen Souza

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- "Nenhum lugar precisa do que eu tenho a Oferecer?!"

Ouvi isso de uma profissional competentíssima, com excelente experiência.

Mesmo com um currículo incrível, foram longos 17 meses até se recolocar.

Essa é a dura realidade para muitos profissionais. A pandemia potencializou a escassez de vagas em alguns segmentos e acelerou a mudança na dinâmica das organizações.

A mudança anunciada para as empresas desde a década de 80, no tão difundido mundo "V.U.C.A.", em 2020 deu lugar ao mundo "B.A.N.I." (frágil, ansioso, não linear e incompreensível): uma convocação à sobrevivência com base no "sei que nada sei", "vai com medo mesmo", "adapte-se ou morra".

Nos últimos 12 meses atendi um grande número de profissionais demitidos após longo tempo de empresa. A lealdade ao CNPJ, e porque não dizer, o conforto da sensação de segurança de estar empregado, têm deixado muitos profissionais totalmente fora da realidade.

Acontece que separar sua vida profissional da realidade das empresas é um grande engano. As organizações são as pessoas. Você é a organização. Então, o "adapte-se ou morra" vale também para você.

Há dois meses atendi um profissional demitido após 8 anos de atuação em agência bancária. O sonho dele era trabalhar em outra grande instituição, com boa reputação da marca empregadora. Ao estudarmos o cenário para definirmos a estratégia de carreira, percebemos que as vagas disponíveis eram para profissionais de TI e vendedores. A experiência daquele excelente profissional já não cabia mais para aquele negócio. Com aquela experiência, ele se recolocaria em outro segmento, atividade e com salário muito inferior. Aquela carreira já não existe mais.

O conforto do emprego é uma ilusão infantil.

Duro? Sim. Mas real. E eu prefiro uma dura realidade a um conforto ilusório.

Entender a realidade - e lidar com ela - traz poder de decisão e reduz a vulnerabilidade.

Ok Ellen, então o que eu posso fazer?!

Para começar, tenho algumas perguntas:

 - Quando foi a última vez que você olhou para o mercado? Pesquisou as vagas disponíveis na sua posição, carreira ou algo além?

 - Você relacionou as competências exigidas? Comparou suas competências com as atualmente exigidas? Desenhou um plano de desenvolvimento? Colocou em prática?

 - Pesquisou sobre sua profissão e as tendências do mercado?

 - Mapeou as atividades rotineiras e de baixa complexidade? Mapeou as de alta complexidade que não podem ser realizadas por um robô?

 - Qual o último curso em tecnologia você fez? Quando?

Se você ainda não sabe, saiba que já existe tecnologia capaz de automatizar atividades de profissionais de contabilidade, medicina, direito... O custo ainda é alto, por isso não avançam tão rápido, mas a tecnologia já existe. As vagas para essas posições vão ser substituídas por robôs. É uma questão de tempo.

Você sabia que existem "Treinadores de Robô"? Já pensou em ser um? E se for uma alternativa?

Meu objetivo aqui, mais do que um alerta, é provocar um "acorda para a vida", avalie possibilidades, assuma a responsabilidade por sua trajetória.

Pare de terceirizar sua carreira entregando-a nas mãos da sua empresa. Essa responsabilidade é SUA.

Meu convite é para que você olhe para si, antes de olhar para sua organização. Cuide de si. Cuide de sua vida. Cuide de sua carreira. Não delegue isso a ninguém.

Sobre a profissional que citei no início do texto, ela está empregada e com muito sucesso. Conseguiu olhar outras oportunidades que se beneficiaram da experiência anterior. Aprendeu novas competências, principalmente ligadas à tecnologia, ao mundo virtual. E segue evoluindo!

Ellen Souza

*Especialista em gestão estratégica de pessoas, fonoaudióloga e apaixonada por gente & gestão.