
Desempregado e sem perspectivas
Reflexões sobre momentos em que a neblina encobre o horizonte profissional.
Quando se está desempregado e sem nenhuma atividade remunerada, é comum sentir-se sem forças; cansado de enviar currículos e buscar oportunidades por todos os lados; receber negativas de processos seletivos ou até não receber...
Ao se ver neste “lapso no tempo” em que é difícil enxergar o futuro e as consequências das decisões presentes, uma das possibilidades é fazer algo que se gosta muito e que traz alguma contribuição para alguém.
Além de trazer uma sensação muito agradável da vida que pulsa, a gente tem a oportunidade de se mostrar para o mundo e das pessoas enxergarem o nosso talento.
Minha primeira transição de carreira foi assim: uma fonoaudióloga com 5 anos de clínica desejando voltar ao mundo corporativo, sem sequer saber em qual área poderia ou gostaria de atuar. Apenas queria uma lugar em que pudesse aprender sempre, crescer, fazer carreira, interagir com diferentes áreas.
Mas... Que empresa daria uma oportunidade à uma fonoaudióloga de 29 anos - naquela época essa idade já era considerada 'eliminatória' para um recomeço - sem nenhuma formação administrativa? Eu só tinha 1 ano de experiência administrativa na empresa do meu pai... Eu não tinha condições de investir em outro curso de ensino superior.
Mandei centenas de currículos, sem nenhuma resposta...
Para ajudar, os terapeutas foram descredenciados dos planos de saúde repentinamente (psicólogos, fisioterapeutas, etc) e essa era a minha principal fonte de renda. Ou seja... o que já estava difícil ficou muito pior.
Em paralelo eu seguia com minha vida.
Uma das coisas que gostava de fazer era trabalhar com um grupo de jovens e adolescentes na igreja. Organizávamos diferentes programações, cantávamos, passeávamos... Era divertido!
Eis que, um belo dia, a mãe de uma das adolescentes do grupo sugeriu que fizéssemos uma pesquisa de opinião, para propor novas abordagens e ações. Ela tinha acabado de chegar na igreja e tinha experiência em recursos humanos. Uma vez aplicada a pesquisa, era preciso compilar os dados, analisar e fazer um relatório para os próximos passos.
Com as pesquisas na mão, a mãe lançou: "Agora alguém precisa compilar esses dados!". Eu nem pisquei! "Eu faço!" Eu adorava - ADORO - transformar dados em informação!
Fiz o relatório e entreguei.
Na semana seguinte ela elogiou meu relatório e disse que eu tinha perfil de consultora. Fiquei surpresa e muito lisonjeada.
Acontece que essa mãe era sócia de uma consultoria em gestão empresarial e tinha uma vaga para consultora de RH aberta. Ela me perguntou se queria participar do processo seletivo com a gerente de RH. Era óbvio que eu queria e aceitei!
A entrevista não foi fácil. Já quase no final, a gerente me perguntou: "Ellen, o que você quer de fato?".
Nesse momento eu travei... Eu queria trabalhar numa empresa em que eu tivesse carreira, mas como eu ia dizer isso? Eu queria responder algo concreto, com um objetivo bem definido. Sabe aquele momento da entrevista em que a resposta não vem? Ou melhor, ela vem, mas parece a resposta errada? Pois é... Então, eu desabei.... Chorei... (sim senhoras e senhores.... CHOREI...). Olhei bem nos olhos dela e disse: "Não sei responder ao certo. Eu só sei que não quero ser dona de casa".
Enfim.... Tinha certeza que não seria aprovada. Fiz tudo errado. Chorei. Como é que eu não tinha uma bela resposta prontinha para aquela pergunta tão básica numa entrevista?
Uma semana depois veio a resposta: PASSEI! PASSEI!
Fiz carreira nessa empresa. Fui de Trainee a Sócia e fiquei lá por 11 anos. Atuo nessa área até hoje. Sou apaixonada por ela.
Em resumo: minha oportunidade veio de onde eu JAMAIS imaginei que poderia vir. Coloquei meu talento à disposição de um propósito e fui descoberta.
Assim como aconteceu comigo, acredito fortemente que pode acontecer com você.
Várias oportunidades podem surgir a partir do que se faz agora! Em algum momento, algo a mais vai surgir. Pode ser algo que você nunca imaginou, de alguém que você nunca imaginou!
Encontre uma forma de fazer isso. Encontre uma forma de fazer algo que contribua com alguém e que mostre o seu talento.
Acredito inclusive que você vai descobrir talentos que nunca imaginou que teria!!
Fico aqui torcendo para que você continue a caminhar mesmo com essa névoa.
Em breve ela vai embora e o horizonte estará lá onde sempre esteve.
Abraço e sucesso!
Em tempo: a mãe daquela adolescente é minha mentora, amiga e parceira de vida!
Olha a gente aí em ação:
Ellen Souza
*Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, fonoaudióloga e apaixonada por gente e gestão.
Com minha amiga Thelma Balaniuk

